quarta-feira, 28 de abril de 2010

Relato - Resposta à Tay- Parte II




Tay, aqui vão mais algumas questões que vivenciei no meu parto e não coloquei mais detalhadamente no primeiro relato:


* Sobre a leitura de relatos de parto antes e durante minha gravidez:

Desde antes de fazer o curso de doula li vááááários relatos de parto, livros sobre parto etc etc...Fazia planos de como seria meu parto, visualizava como se fosse um daqueles relatos que eu lia tanto. Durante minha gravidez, no grupo d gestantes que eu participava a minha doula - Alessandra- sempre trabalhou muito a questão de que o parto é único, individual e que cada mulher tem o parto que precisa.Isso me ajudou, mas mesmo assim a gente fica idealizando coisas que aconteceram nos partos de outras mulheres.Eu sei que tive que acolher e agradecer tudo que aconteceu no meu parto...e isso a gente só entende depois que passa.Mas o legal é não idealizar muito pq TUDO pode acontecer, e até uma cesárea, se for preciso.Isso eu tb trabalhei muito no grupo, pq sempre fui muito radical em relação à cesárea,e eu sei que sofreria muito se tivesse que passar por uma sem ter a mentalidade que fui adquirindo ao longo da gravidez.Tive que ir aprendendo a aceitar até uma possível cesariana- pois ela tem 15% de chance de ser necessária e nesse caso benéfica.
Mas graças a Deus deu tudo certo!!!

* As lacerações :
No MEU caso aconteceu o seguinte: durante o expulsivo o dr. Luiz mandou que eu fizesse força depois que ele fez um toque e viu que a minha musculatura estava bem rígida para a passagem da minha filha.E eu sentia isso nitidamente dentro de mim.Parecia que eu não estava me abrindo para a passagem dela....era uma coisa meio intuitiva.E tb não sentia vontade de fazer força.O útero realmente empurra o bebê para baixo, mas no meu caso acho que eu tava meio travada e segurando demais e a cabeça dela ficou um tempo presa.Então nem questionei qdo me mandaram fazer força...eu sentia dentro de mim que era o melhor a fazer naquele momento.Em alguns vídeos de parto que assistimos o bebê sai fácil, fácil, né? Mas meu corpo agiu diferente e eu acho que muito foi psicológico junto com fisiológico.

*Comer durante o TP:

Eu sou como vc, Tay, se não comer fico fraca , fraca...e pedi que minha mãe comprasse um monte de coisas....mas não consegui comer NADA.Só consegui beber alguns copos de água de côco que iam me empurrando durante o TP.Mas o corpo da gente é perfeito...mesmo sem comer nada deu tudo certo no final!

* E o principal que eu acabei não colocando no relato anterior: meu parto foi marcado por uma grande vivência espiritual.Não que eu tenha transcendido, mudado de dimensão, ficado em transe....nada disso.Mas a presença da minha mãe rezando o tempo todo, ela e minhas irmãs cantando músicas (de Yemanjá) para a Janaína, os mantras,e toda a fé que emanava de todos que participaram foi muito importante para o andamento do parto.


E respondendo a sua pergunta:

Se eu pudesse teria uma penca de filhos...rsrsrsr...mas acho que por enquanto só mais um ou dois (além da Janaína).Se vc tivesse feito essa pergunta uns 10 dias depois do parto eu não sei se ia querer ter mais filhos, pq a vivência do parto e das dores é algo muito forte e marca a gente.Mas hj eu já estou com saudades de tudo....é uma experiência maravilhosa e dá saudade até das contrações.Dói? dói sim e tem hora que dói muuuuuuito...eu estaria mentindo se dissesse que não, mas é uma dor que vem em ondas...e qdo passa nem parece que vc está em trabalho de parto.Por isso a gente suporta: ela vem e passa, e cada uma que passa fica mais próximo o momento de receber seu bebê nos braços.ai que saudades...rsrsr

E mais uma coisa...qdo a bebê veio para mim foi uma alegria e um amor , e um cansaço e medo....Tay, são muitos sentimentos misturados.E tb por causa dos relatos que tinha lido fiquei esperando sentir um amor incondicional o tempo todo e não foi assim.A nossa relação foi se construindo aos pouquinhos, pois é muito cansaço e o bebê demanda TUDO da gente: tempo, energia, sono, peito, peito, peito,presença...e nesse turbilhão nós duas fomos construindo nossa relação, que está sendo aperfeiçoada a cada dia.Eu não virei A MÃE qdo ela nasceu (embora eu achasse que fosse ser assim), estou me tornando mãe a cada dia, aprendendo com ela em todos os momentos, e tentando não me cobrar muito.

Nossa...acho que falei demais por hj...
bjos

Um comentário:

Tay disse...

Linda...me sinto previlegiada de ter voce como confidente e conselheira neste momento de inseguranca e medo, estou super fragilizada, senssivel a tudo e suas respostas tem sindo as mais sinceras, emocionantes e divertidas que estou recebendo...Amo muito esse momento...ainda estou emocionada ao pensar no circulo feminino que se formou para a chegada desta deusa. E talvez ate por isso seu maridao nao conseguiu chegar, nao que ele nao fosse importante, mas acho que foi uma corrente feminina muito forte, disse isso desde o comeco. Por hoje gostaria de saber mais detalhes desta construcao de amor e vivencia com a Janaina, dificil? Da medo de machucar? Fala mais sobre voces duas....beijinhos.....obrigada....