sábado, 24 de julho de 2010

RELATO DE PARTO DA AMIGA TYHENNA COOK



Pensei em escrever esse relato inspirada no relato da UYARA, pois ele e ela me ajudaram muito no finzinho da gravidez.

Gravidez super normal, sem conturbações e atropelos..saudável, muita saúde, porem, muitas mudanças.... Mudanças de médico... parteiras...cidade....pais...mas nada abalou minha saúde, nunca fui tão saudável em toda minha vida...só sentia a barriga crescer e varias sensações novas, mas tudo normal de uma gravidez.

Enfim, com 35 semanas de gestação fui para a parteira definitiva, Debbie, de cara adorei e senti muita afinidade, mas ela é líder de um grupo de outras parteiras e eu corria o risco de no dia do parto vir outra e não ela, porém um dia me disseram que a gente tem o que deseja, então desejei ela o tempo todo....dai para frente fiquei esperando a Gabriela me dar sinais que estava chegando....
Completei 40 semanas e fui na consulta de rotina, a Debbie deu uma olhada no meu cervix, estava pronto para nascer e com 1 cm de dilatação, então ficamos de antenas ligada a semana inteira e nada, fiquei um pouco frustrada e com medo de ter que fazer uma cesariana, li um pouco sobre o assunto e chorei muito ao tentar mentalizar um parto natural, resolvi, não ler mais nem pensar no assunto, só relaxar. Tive a sorte de ter comigo uma amiga brasileira, Claire( na verdade francesa, mas mora no Brasil a mais de 20 anos e é mãe da minha melhor amiga,ela foi fantástica comigo, pois me ensinou algumas leis de sobrevivência no primeiro mundo e sobre a sua experiência como mãe, me deu muito amor, carinho e atenção), então resolvemos sair e nos divertir em passeios para turistas....
Com 41 semanas e Gabriela nada de chegar,  tive que fazer uns exames para ver se estava tudo bem com ela. Acreditem, encontrei aqui um médico que tem paciência e trabalha dentro da ética com as parteiras, incrível. Ele foi fantástico, pois na ultra som mostrou o nível abaixo do normal do liquido amniótico e o que teria que ser feito? Induzir o parto. O medico me liberou do hospital, depois de ligar para minha parteira, teríamos então a oportunidade de tentar em casa com métodos naturais, caso desse algo errado ou não evoluísse até o nascimento ele entraria em ação. Nem acreditei quando ele falou comigo, porque eu já estava no hospital era só ele me internar e fazer ali mesmo o trabalho. Enfim, fui para casa me preparar para a chegada da parteira, ela chegou às 5 da tarde e me deu logo de entrada um copo de óleo de Rícino para tentar induzir o parto, eu já tinha lido sobre isso e dizem que não é provado que ajuda, ele apenas causa uma super irritação nas paredes do intestino fazendo a grávida se sentir muito mal. Realmente me deu super irritação e muitas cólicas após duas horas da ingestão e depois de mais 2 horas, ou seja 4 horas após ingerir o óleo, o remédio homeopático, receber estímulos no cervix(a parteira faz isso manualmente) as cólicas que eram intestinais passaram a ser geral e começou o real caminho para o nascimento, ou seja , no meu corpo senti que o óleo ajudou, apesar de ter usado também homeopatia e é claro as belas e eficientes mãos da parteira. Eficientes, porque os movimentos e toques que ela fazia eram para doer muito, mas não doía muito e me dava uma forca fora do meu normal, como se ela estivesse me abastecendo de energia e coragem.
A partir das primeiras reais contrações parei de olhar o relógio e marcar tempo e me entreguei ao que sentia a cada segundo...Era um misto de dor e alegria...medo e satisfação...enfim, chamei o marido na primeira contração mais forte, ele montou e encheu a banheira , enquanto isso fiquei deitada na minha cama e sentia o movimento da Debbie e das assistentes pela casa. Quando ela me ofereceu para entrar na água....ai ai ai...delicia total, parecia uma anestesia, alivio geral no corpo, relax total, teve horas entre as contrações que dormi na água.
E enfim chegou a minha hora da dor do parto( me refiro a "minha", porque cada mulher é diferente), entre 8 cm e 10 cm de dilatação, fiquei por algumas horas( nem quis saber quantas, mas  em um momento ouvi a Debbie dizendo ao meu marido que já fazia mais de 2 horas) a sentir as maiores dores da minha vida, durante estas contrações eu não conseguia fazer nenhum exercício de respiração correto, só contraia o corpo inteiro e é claro...GRITOS, GEMIDOS...de acordar todo o prédio, a Debbie foi paciente, esperou ate o meu limite para me oferecer mais uma intervenção na intenção de acelerar e ajudar o processo, romper a bolsa, a essa altura eu nem lembrava que tinha essa parte, aceitei na hora, ela foi maravilhosa mais uma vez, fez numa delicadeza e me acompanhou ate chegar aos 10, mas eu nem percebi e nem sabia, acho que agente perde um pouco a consciência nessas horas, depois ela me colocou de volta na banheira. A Debbie tinha 2 assistentes, um nova que foi o meu anjo, pois fez comigo todas a respirações e aguentou as espremidas de mãos que dei nela sem me largar um minuto...tadinha quando tentava descansar um pouco eu chamava ela de volta. A outra que ficou um tempo substituindo a Debbie , que deveria estar descansando e confesso que não gostei muito dela na hora, ela só repetia que eu estava muito cansada o tempo todo, e eu pensava que isso não me ajudava muito.
Não tenho ideia da hora, mas acho que era tarde, um momento vi as 3 parteiras com caras tristes e a Debbie quase a cochilar, isso foi me dando mais moleza e uma vontade de chorar, mas eu não tinha força nem pra chorar, eu pensava que não iria conseguir, que ali ficaria, não evoluiria mais....enfim a terceira assistente, Vanessa, que estava me irritando ao repetir sem parar que eu estava muito cansada, me tira da água e me avisa que eu estava dormindo e que as contrações estavam muito longes uma da outra...ela queria me tocar , eu não deixei e chamei a Debbie que me disse que eu já tinha os 10 cm de  dilatação e que eu precisava empurrar para o bebe sair( mas eu tinha lido sobre isso e ate perguntei a algumas pessoas que o bebe vem sozinho e que o corpo ajuda empurrando, mas eu não sentia nada disso) ela fez um gesto com a mãos do espaço entre a cabeça de Gabriela e a mão dela que dava mais ou menos uns 3 cm e que só dependia de mim, mas ela tinha um prazo para isso, se eu não o fizesse naquele momento ela iria me levar para o hospital......tudo menos hospital...
Naquela hora, a  Vanessa chata foi mais chata, repetindo que eu tava mais cansada e me obrigando a comer...acho que ficar irritada com ela foi fundamental, porque me senti desafiada e ela me manteve acordada, pedi para ela não repetir mais que eu estava cansada,e ela como não poderia ficar quieta ainda me fez comer de novo... e dai, fui tentar fazer o serviço...
Na real, eu estava com medo e esperando a dor do parto, mas não tinha dor nenhuma, só uma contraçãozinha de nada se comparada com a anterior. Primeiro Debbie me pediu para agachar segurando na cama( uma coluna de madeira que tem na minha cama) quando viessem as contrações e é claro que empurrar para o bebe sair, nada aconteceu. Depois Debbie me pediu para ficar numa posição que quase não usam mais, porem às vezes funciona com algumas mulheres, ficar deitada na cama, segurando as pernas ( parecido com exame ginecológico) deitada na minha cama e ensinou como eu teria que respirar e empurrar, quando eu fiz vi o sorriso dela e todos dizendo que ela estava chegando( e a dor nada de chegar). 
Mas ela voltava a medida que eu perdia o fôlego, então ela disse que eu teria que empurrar alem do que eu estava fazendo, mas eu não tinha mais fôlego para isso, entra a santa chata Vanessa em ação de novo, com o oxigênio para me ajudar e daí consegui, apontou a cabecinha, segundo meu marido e Claire, a Debbie ficou massageando a Gabriela e   me ofereceu para voltar para água, eu não aceitei, porque estava me sentindo muito bem e confiante com ela me ajudando, a água foi maravilhosa na hora da grande dor, mas depois me relaxou demais fiquei com medo de regredir de novo e quando eu ouvi ela dizer a Victor que da próxima contração ela iria nascer, respirei fundo  e empurrei com toda força, nem precisava mais, ela veio fácil. Debbie pediu para eu relaxar um pouco precisava tirar o cordão que estava nos ombros da Gabriela eu levantei a cabeça e pude ver ela tirando o cordão dos ombros da pequena e depois disso: pluft ,ela nasceu, escorregando igual  a quiabo, eu senti cada centímetro que ela avançava sem dor, só o êxtase da chegada e quando ela saiu eu já estava de cabeça levantada, vi ela chegando nos braços do meu marido, ele trouxe ela para mim escorregando encima da minha barriga, bem quentinha, uma delicia, acho que nunca vou esquecer a sensação do peso e calor dela no meu peito, meu marido veio nos beijar, ele estava muito emocionado, com lágrimas nos olhos, eu senti uma enorme felicidade, prazer...sei lá explicar... Passei as mãos pelo corpo dela todo, amassei a bundinha, linda...de olhos abertos.... 

Enfim, ela nasceu as 6:45 da manha no dia 18 de junho de 2010, com 3,8kg e 53cm...linda e loira...como falou o meu irmão.

3 comentários:

Uyara disse...

lindo! lindo! lindo!!!
Parabéns tay!!!!

Unknown disse...

O que falar né? emoção por você Tay. Como mescrevi já para vc é muito importante perceber que já não somos mais crianças e que vc se tornou uma mulher linda e corajosa. Cada vez mais me dou conta que o tempo passa rápido demais. Meu relógio biológico me diz isso, quando me pego falando de filhos com meu namorado tenho a certeza que essa é a próxima felicidade que quero experimentar e ler vc só faz abastecer ainda mais esse sonho. Parabéns amiga, muitas benção para tua família linda. Estarei aqui, sempre torcendo por vc.

beijocas.

Tay disse...

Obrigada Jana e Uyara, sim nos crescemos e agora ta na hora de expandir noissa existencia, eh assim que me sinto sendo mae...Eh muito mais do que agente ja ouviu de todas as mulheres que tem filhos...MARAVILHOSO...Xerus...